Como Fazer Contagem de Peças com Balança [Guia Prático]

Tempo de leitura: 10 minutos

A sua balança pode fazer você economizar tempo e dinheiro!
 

Imagine a seguinte situação: você está no almoxarifado e recebe um pacote com milhares de parafusos. É preciso contabilizar exatamente quantos itens existem nesse pacote para dar entrada no sistema. Pense nas horas que seriam perdidas contando parafuso por parafuso. Um grande desafio, certo? Mas não precisa ser assim.

Você sabia que existem balanças com a função de contagem, que possibilitam determinar uma grande quantidade de peças a partir de uma pequena amostra inicial?

Continue lendo e descubra como otimizar esse processo.

 

Qualquer balança pode fazer a contagem de peças?
 

Não exatamente. Algumas balanças possuem a função de contagem de peças integrada. Quando ativada, ela simplifica muito o processo. Embora o modo de ativação varie conforme a marca e o modelo, a lógica de funcionamento é a mesma que abordaremos a seguir. É fundamental ter o manual da balança em mãos para configurar a função corretamente.

Existem também balanças que não possuem esse mecanismo. Para esses casos, ensinaremos um procedimento manual que, com o auxílio de uma calculadora ou planilha, permite realizar a contagem de forma eficaz. Veja a frente no artigo.

 

Como funciona a contagem de peças?
 

Todas as balanças com essa funcionalidade seguem a mesma lógica básica, baseada em três etapas:

• PMP (Peso Médio por Peça): O primeiro passo é estabelecer um peso médio por peça. Este valor será a referência de massa para uma unidade da peça a ser contada.
• Amostragem: O PMP é definido a partir do princípio da amostragem, onde se informa à balança a massa de uma quantidade conhecida de peças (a amostra).
• Contagem: Sabendo o PMP, a balança simplesmente divide a massa total do lote colocado sobre ela pelo PMP, determinando assim a quantidade total de peças.
   

Como eu realizo a contagem? (Exemplo Prático)
 

O procedimento básico é bem simples. Vamos usar o exemplo dos parafusos:

1. Separe a Amostragem: Separe uma amostra do lote (por exemplo, 20 parafusos).
2. Verifique a Balança: Certifique-se de que ela está devidamente calibrada e zerada.
3. Tare o Recipiente: Coloque um recipiente vazio sobre a balança e pressione a tecla "Tara". Isso desconsidera o peso do recipiente na medição.
4. Informe a Amostra: Coloque a amostra (os 20 parafusos) dentro do recipiente e informe à balança o número de unidades (20). A balança usará essa informação para calcular o PMP.
5. Pese o Lote: Remova a amostra do recipiente. Agora, coloque todas as peças restantes (o lote que você quer contar) dentro do recipiente.
6. Leia o Resultado: A balança indicará no visor a quantidade total de parafusos no lote.
    

Como garantir que a contagem seja correta?
 

O procedimento é simples, mas existem pontos críticos que, se ignorados, podem sabotar sua contagem.

1. Escolha a Resolução Correta (Quanto menor, melhor!): O grande segredo para uma contagem precisa é a relação entre a massa da peça e a resolução da balança (a menor divisão que ela pode medir). A regra de ouro é: a massa da peça individual deve ser significativamente maior que a resolução da balança (idealmente, pelo menos 10 vezes superior).

Exemplo: Nossos parafusos têm massa média de 1,1g. Temos duas balanças: uma com resolução de 1g e outra com 0,1g.

Balança de 1g (Inadequada): A variação natural das peças (algumas com 0,9g, outras com 1,3g) será um problema. A balança pode não "enxergar" uma peça de 0,9g (indicando 0) ou uma peça com 1,3g seja contabilizada como 2 peças.

Balança de 0,1g (Adequada): Esta balança tem 10 vezes mais capacidade de "enxergar" as pequenas variações. Ela registrará a peça de 0,9g e a de 1,3g, permitindo um cálculo de PMP muito mais assertivo e, consequentemente, uma contagem final mais correta.

2. Cuidado com a Variação de Massa entre as Peças: O método se baseia no Peso Médio. Se as peças no lote tiverem uma variação de massa muito grande entre si, o PMP calculado pode não ser representativo. Peças que fogem muito da média podem não ser contabilizadas ou até ser contadas em duplicidade. Como regra geral, fabricantes recomendam que a variação máxima na massa das peças não ultrapasse 3% para uma contagem assertiva, para peças onde não a variação é muito alta, é importante aumentar drasticamente a amostragem para ter uma representação maior do lote.

 

3. Respeite o Peso Mínimo da Balança: O "peso mínimo" é o menor valor de massa que a balança pode medir com a exatidão e precisão garantidas pelo fabricante. Ao definir sua amostra, a massa total (recipiente + amostra) deve ser superior ao peso mínimo da balança. Se uma balança tem peso mínimo de 50g, e seu recipiente + 20 peças pesam apenas 43g (como na imagem), a medição inicial do PMP não é confiável. A solução é simples: aumente a quantidade de peças na amostra (use 50 peças, por exemplo), ou troque o recepiente para que o peso mínimo seja atingido.

4. Quanto Maior a Amostra, Melhor: O PMP é uma média. Quanto mais peças você usar na amostragem inicial (10, 20, 50, 100...), mais preciso ele será, pois dilui os efeitos da variação natural de massa entre as peças. É preciso balancear a praticidade (contar 100 peças manualmente) com a exatidão desejada para o processo. Veja neste gráfico que foi realizado 2 pesagens diferentes com uma amostragem de 10 e 20 peças, como o desvio padrão da massa é menor com 20 amostras.

 5. Os fatores ambientais podem gerar erros na contagem: Equipamentos de pesagem são extremamente sensíveis ao ambiente. Um cálculo de PMP instável levará a um erro que se multiplica por todo o lote. Veja como se precaver destes erros!

     1. Correntes de Ar (Vento): Qualquer fluxo de ar, por menor que seja, exerce força sobre o prato da balança. Isso é um problema crítico em balanças com alta resolução (0,1g, 0,01g ou mais).

O que causa: Saídas de ar condicionado, ventiladores, janelas abertas, ou até mesmo o fluxo intenso de pessoas passando perto da bancada.
O que fazer: Mantenha a balança longe de correntes de ar diretas. Quando você não puder movimentar a balança, utilize uma proteção/capela de acrilico para proteger a balança.

     2. Vibrações: A balança é sensível a oscilações mínimas. Se a bancada ou o piso estiverem vibrando, o sensor não consegue estabilizar a leitura.

O que causa: Mesas instáveis, equipamentos pesados (como motores, centrífugas ou prensas) no mesmo local, tráfego de empilhadeiras ou até mesmo passos pesados em pisos que não são térreos.
O que fazer: Instale a balança sobre uma superfície firme, robusta e estável (preferencialmente uma bancada de pedra ou granito). Em ambientes com muita vibração, você pode utilizar uma pedra de granito pesada com pé antivabritório.

     3. Variação de Temperatura e Umidade:  Balanças são sensíveis a mudanças térmicas, que causam dilatação ou contração em seus componentes eletrônicos.

O que causa: Ligar a balança e usar imediatamente; salas sem climatização estável; ar muito seco (baixa umidade).
O que fazer: Deixe a balança aquecer (warm-up) pelo tempo recomendado pelo fabricante (geralmente 30 minutos) antes de usar. Mantenha a temperatura da sala o mais estável possível.

     4. Nivelamento Incorreto Este é um erro de instalação clássico. A balança precisa estar perfeitamente plana para medir a massa corretamente.

O que causa: Instalação inicial incorreta ou movimentação da balança sem novo ajuste.
O que fazer: Toda balança de semi analítica e analítica possui uma bolha de nível (similar à de um nível de pedreiro). Antes de usar, sempre verifique se a bolha está perfeitamente centralizada e ajuste os pés niveladores do equipamento conforme necessário, aos modelos que não possuem, pode se utilizar um nível de bolha simples.

     5. Corrente elétrica: É importante que você sempre use a fonte original da balança e ela sempre esteja conectada diretamente a tomada, sem utilização de adaptadores de tomada, ou mais de um aparelho conectado a tomada da balança. 

O que causa: As oscilações elétricas podem atrapalhar a medição da balança, ou em casos mais graves até mesmo danificar o instrumento.

O que fazer: Sempre utilizar a fonte original do instrumento, não utilizar adaptadores de tomada, evitar conectar a balança na mesma rede elétrica de outros instrumentos potentes.

 

 

E se minha balança não tem a função de contagem?
 

Se sua balança não tem a função nativa, você pode fazer o cálculo manualmente, seguindo exatamente a mesma lógica:

1. Separe uma amostragem grande (use 50 ou 100 peças para maior precisão).
2. Coloque um recipiente vazio na balança e use a função "Tara".
3. Coloque sua amostra (ex: 50 peças) no recipiente.
4. Anote a massa total indicada (ex: 55,0g).
5. Calcule o PMP: Divida a massa total pela quantidade de peças da amostra.

Ex: 55,0g / 50 peças = 1,1g por peça (este é o seu PMP).

   6. Retire a amostra. Coloque o lote inteiro de peças no recipiente e anote a nova massa total (ex: 1123,1g).

   7. Calcule o total: Divida a massa do lote inteiro pelo PMP.

Ex: 1123,1g / 1,1g = 1021 peças.

OBSERVAÇÃO: É importante entender que, como qualquer metodologia, ela é suscetível a erros (variação da massa, arredondamentos), mas seguindo as dicas deste artigo, você consegue minimizá-los.

 Se você deseja comprar um modelo de balança que tenha contagem de peças, veja este modelo:

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Conclusão
 

A contagem de peças com balanças é uma ferramenta essencial em diversos setores, economizando tempo e dinheiro. Ao se atentar às dicas sobre resolução, variação de massa, peso mínimo e tamanho da amostra, você garante um processo de contagem muito mais preciso e eficiente.

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